TEXTOS/REFLEXÕES


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ESTUDO P/ AULA 09-A

OS OBSTÁCULOS À EVOLUÇÃO I  -  Trevo Jun/2010

Mas a vossa palavra seja sim, se for sim; não, se for não. Tudo o que passar disso, vem do mal. (Mateus, 5:37)

Dando sequência ao artigo anterior sobre o auto-aperfeiçoamento, vamos apresentar uma abordagem que pode se adequar aos nossos propósitos e que sintetizamos e adaptamos à nossa linguagem. Temos cinco grandes obstáculos à evolução espiritual do homem: mentira, imaginação, falar desnecessário, identificação e expressão de emoções negativas. Sempre que esses obstáculos se manifestam em sua plenitude no homem, significa que ele está perdido no estado de sono. Conhecer os obstáculos e resistir a seu envolvimento ajuda a minimizá-los e a posicionar o indivíduo numa situação mais favorável em relação ao esforço de auto-observação. Não se trata de impedir a sua manifestação nem de sucumbir a eles. Os obstáculos devem ser controlados e sua manifestação reduzida. O processo surpreendente resume-se na possibilidade de, através do exercício de superação dos obstáculos, fortalecer o ser. A MENTIRA diz respeito não tanto à mentira convencional que distorce intencionalmente um evento ou uma informação, mas a uma forma muito mais perniciosa que é mentir sobre nós mesmos, nosso conhecimento e certezas, convicções e capacidades. Trata-se de manter uma fachada de importância, poder e saber que não corresponde à nossa realidade pessoal, isto é, o que realmente sabemos e somos. Esse tipo de mentira ocorre com frequência muito maior do que gostamos de admitir. É comum afirmarcoisas que não sabemos, enfatizar pontos de que não temos certeza e com isso investir na manutenção de uma imagem que em absoluto corresponde ao que de fato somos. A mentira distorce a visão de si e exige o dispêndio de uma enorme quantidadede energia interna para manter essa falsa imagem. Sob o ponto de vista da mentira, o trabalho de melhoria de si mesmo torna-se dispensável, pois não há razão de fazer tanto esforço para adquirir o que pensamos já possuir.A IMAGINAÇÃO (ou divagação) é o processo em que a mente trabalha compulsivamente, sem intenção ou propósito, através de cadeia associativa iniciada por estímulo externo. Nesse estado, a mente se dissocia dos estímulos presentes no ambiente imediato, resultando em grande desperdício dessa energia. A divagação nos tira da vivência real, da participação por inteiro daquele momento, uma vez que nela os sonhos se combinam com eventos e estímulos externos formando um mundo que tem pouco a ver com a realidade. Sua manifestação revela uma condição muito pior do que o sono biológico. Pois, o sono tem propósito de recompor energias perdidas, sendo processo positivo. Já a divagação é uma maneira de desperdiçar inutilmente a pouca energia que o ser humano é capaz de acumular. A divagação é um processo mecânico e involuntário. Toma conta do ser e o governa sem permitir que ocorra qualquer contato com a realidade externa e muito menos consigo mesmo. Para perceber o seu grau de rotina involuntária basta tentar fazê-lo intencionalmente. Concluiremos que isso é totalmente impossível. A divagação, quando negativa, torna-se ainda mais perigosa, além de implicar em desperdício intenso de energia interna, pode induzir o indivíduo a tomar decisões e iniciativassem bases totalmente irreais. O ser humano frequentemente penetra nesse mundo confuso e obscuro que compreende, além de uma sucessão de imagens sem nexo ou sentido, toda sorte de preocupações materiais com saúde, negócios, situação financeira, acidentes, catástrofes.O FALAR DESNECESSÁRIO é um tipo de divagação extrovertida. Fala-se compulsivamente por meio de uma cadeia de associações, impedindo retenção, amadurecimento e assimilação de qualquer força psíquica. Gasta-se uma grande quantidade de energia psíquica ou espiritual. As forças psíquicas constituem o alimento mais refinado e importante que a pessoa pode receber. Para que possam alimentar as partes mais nobres do ser humano, é necessário processá-las através de um trabalho de absorção, refinamento ou transformação de seu conteúdo. O falar desnecessário impede esse processo. O indivíduo permanece constantemente vazio, exaurido pela falta de energia e impossibilitado de dirigir sua atenção ao exterior e estar presente nele.

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ESTUDO P/ AULA 09-A


OS OBSTÁCULOS À EVOLUÇÃO II   -  Trevo Jul/2010

Perante tal inércia, os Mensageiros da Providência, aos quais se confiou a tarefa de iluminação dos que estacionaram na sombra, promovem recursos para que se verifique o despertar.

A IDENTIFICAÇÃO corresponde a um estado em que toda a atenção do indivíduo dirige-se a um único evento ou coisa, excluindo todo o resto, inclusive a si mesmo. A influência desse estado é poderosa, fazendo com que sejamos governados pelos objetos e circunstâncias que nos cercam. Reconhecemos este estado em nós quando estamos fortemente atraídos ou repulsivos sem conseguir desligar nossa atenção ou nos desapegarmos do objeto, fato, crença ou pessoa com quem estamos nos relacionando. Com maior ou menor frequência e intensidade, nos identificamos com o que cremos ou não, gostamos ou não, sentimos ser correto ou errado. Caracteriza este estado um comportamento fixo, unilateral, voltado ou atraído pelos estímulos externos. Perdido no mundo externo, sem noção de sua verdadeira escala e sua situação relativa, o objeto assume forma exagerada, desproporcional e distorcida como se estivesse fora de foco. No estado de identificação intensa, o indivíduo sentir-se-á igualmente miserável ante um evento sério como a perda do emprego em período de recessão ou a derrota do time de futebol. Pegar o próximo metrô passa a ser uma questão de vida ou morte. Defender uma posição política transforma-se em briga violenta. Outras formas podem não ser tão intensas, mas se manifestam de modo contínuo, como a identificação com lucros e perdas emocionais, sociais ou financeiras. Nenhum pensamento ou ação são claros e lúcidos nesse estado, pois ante um objeto qualquer o indivíduo se anula, tornando-se ele mesmo o objeto, enquanto o objeto torna-se vivo com poderes de governá-lo. Como nos outros obstáculos, ocorre uma perda substancial de energia, exaurindo o indivíduo e deixando-o sem possibilidade de desenvolver suas potencialidades. Fatores como sexo, família, dinheiro, bens materiais, prestígio e status social são áreas críticas que, em maior ou menor proporção, exercem forte apelo à identificação. Essas áreas geram um tipo de apego em que o indivíduo constrói sua identidade e se reconhece através dos objetos que possui ou controla. Perdendo esse objeto sentirá como se uma parte dele fosse perdida. Competições esportivas, ideias religiosas, filosóficas ou políticas podem se transformar em fonte inesgotável de identificação. Uma identificação importante é a consideração interna, ou seja, a identificação com pessoas. Neste estado o indivíduo coloca-se no centro de todos os acontecimentos. A preocupação com o que os outros pensam ou não dele é constante, gerando grande perda de sua energia e cujo estado de sofrimento é totalmente inútil. Sofre por não se lembrarem do seu aniversário, por suspeitar que pensam mal dele, por não receber a devida atenção ou por não ter promoção no emprego. Como consequência, deixa de falar o que pensa ou de fazer o que acha que deve ser feito, em função de uma autocensura sempre motivada pelo que o outro pensaria a respeito. Em muitas ocasiões esta consideração interna ocorre ante pessoas a quem se considera importantes ou com status social superior. Agindo como se fosse o centro do Universo, não se dá conta de que dificilmente os outros, com quem se preocupa tanto, não têm tempo a perder prestando atenção nele. Só se escapa da identificação separando-se da atração irresistível do objeto e introduzindo-se um processo de auto-observação. Tal processo permite dimensionar o objeto em sua real perspectiva, tornando-se base para o conhecimento de um nível mais objetivo da realidade. O modo mais eficaz de combate a esta consideração interna é a consideração externa. Ou seja, a prática de considerar a relação com o outro de um ponto de vista que coloca igual importância no outro e em si. Ao contrário de recusar estar presente às circunstâncias do momento, a consideração externa exige estar presente no sentido de entender o ponto de vista do outro e posicionar-se como pessoa no que for possível. É uma posição que aceita as próprias limitações; não se preocupa com o que o outro pensa ou diz.


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